A Câmara Municipal do Porto lançou um “Plano de medidas de reforço e modernização dos serviços das Bibliotecas Municipais e mitigação dos efeitos de encerramento temporário da Biblioteca Pública Municipal”. “Estas iniciativas não surgem por acaso ou de forma avulsa. Decorrem de uma visão integrada da política cultural da cidade”, afirmou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, durante a reabertura da Biblioteca Popular de Pedro Ivo.
Um pacote de 15 medidas, que vai permitir colmatar os mais sérios condicionamentos do fecho da Biblioteca Pública, cujo início das obras de reabilitação está previsto para 2024, e, ao mesmo tempo, incrementar e modernizar serviços, colocando as bibliotecas municipais num contexto de melhor serviço público. “Proximidade, identidade (portuense) e digitalização são as ideias força deste pacote”, afirmou Rui Moreira.
De acordo com o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, “este é um projeto que nasce para a cidade”. “Não serão casas estáticas, apenas de portas abertas. Serão desenvolvidas com uma agenda de atividades de mediação e apoio à leitura”, frisou Jorge Sobrado.
“Este é um sinal do compromisso presente das bibliotecas municipais, de continuarem a ser casas abertas, de encontro dos livros com os leitores, dos investigadores com as suas fontes”, acrescentou, durante a reabertura da Biblioteca Popular de Pedro Ivo, o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto.
Eis as 15 medidas que constam do plano:
1. Desenvolvimento, animação e aceleração do projeto “Biblioteca Errante”, como rede de microbibliotecas pulverizadas, generalistas e temáticas, na cidade;
Até ao final de 2024, define-se como objetivo o funcionamento de 15 microbibliotecas. Para além da reabertura da Biblioteca Popular de Pedro Ivo foram já apresentadas, publicamente, as bibliotecas dos Assuntos Portuenses e de Cinema do Cineclube do Porto, a funcionar na Casa do Infante. A poesia terá enfoque na Casa de Eugénio de Andrade. Já o Museu do Vinho do Porto vai receber a Biblioteca do Vinho do Porto e o Reservatório a Biblioteca de Arqueologia. Na Casa Marta Ortigão Sampaio ficará a Biblioteca de História de Arte e no Museu Guerra Junqueiro a biblioteca do próprio autor. Também os pavilhões móveis da Feira do Livro, a instalar no Parque do Covelo, vão receber a Biblioteca de Humor e Banda Desenhada. A Biblioteca Almeida Garrett será o espaço central deste projeto.
2. Funcionamento regular do Bibliocarro em 20 bairros da cidade, por mês (com suspensão da atividade em agosto e até 15 de setembro);
Três anos depois, o Bibliocarro volta a estar disponível como biblioteca móvel (com destaque para a literatura infantojuvenil, ficção, poesia e ciência).
3. Alargamento do horário da Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG);
A partir de outubro, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG) terá novos horários. O espaço estará aberto, das 9h às 21h, de segunda a sábado. Este serviço será realizado através da reestruturação das equipas de atendimento e dos seus horários de trabalho.
4. Disponibilização do fundo de periódicos históricos do Porto (Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Portuense, a Gazeta Literária do Porto e o Periódico dos Pobres do Porto, entre outros) para trabalhos de investigação, noutras instalações, até à concretização de outras respostas;
“A nossa prioridade, enquanto Biblioteca Pública Municipal do Porto, é a de garantir o acesso aos periódicos, neste caso os que maior relevância têm na história e na investigação sobre a cidade do Porto e a região do Porto”, disse, à Lusa, Jorge Sobrado.
5. Continuidade do serviço de consulta a “Manuscritos & Reservados” e ao fundo de Livro Antigo para trabalhos de investigação, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, em sala preparada para o efeito;
6. Criação de “linha azul” (equipa e atendimento dedicados) para investigadores;
Agendamento, com 24 horas de antecedência mínima, e possibilidade de agendamento regular, quinzenal, mensal.
7. Transformação/adaptação da atual sala multimédia da BMAG (com utilização residual) para atendimento de investigadores;
8. Estabelecimento e desenvolvimento de uma parceria com uma Entidade do Sistema Científico e Tecnológico para assessoria e programação de uma operação de digitalização dos mais relevantes periódicos históricos do Porto;
Neste âmbito, será salvaguardada a disponibilização do fundo de periódicos históricos do Porto para trabalhos de investigação, noutras instalações, até à concretização de outras respostas, nomeadamente por via da digitalização. Em causa estão títulos como o Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Portuense, a Gazeta Literária do Porto e o Periódico dos Pobres do Porto, entre outros.
9. Elaboração externa de um diagnóstico e plano de desenvolvimento estratégico dos serviços das bibliotecas municipais, no qual se apresente o conjunto de prioridades de reorganização, modernização, inovação e programação;
10. Reforço do apoio municipal às bibliotecas escolares, segundo plano a desenvolver em articulação com o Pelouro da Educação;
11. Renovação regular dos fundos gerais de livre acesso (consulta e empréstimo), através de obras mais recentes, provenientes de Depósito Legal, e da consequente recuperação prioritária do passivo de catalogação e disponibilização de fundos não disponíveis, entre 2019 e 2023, por via da mudança de equipa para as novas instalações;
12. Criação de serviço de take-away de títulos nas instalações provisórias, tendo em vista a disponibilização de novos fundos (2019-2023);
13. Reforço da política de aquisições de títulos, incluindo em línguas estrangeiras, considerando as comunidades emigrantes mais relevantes na cidade do Porto;
14. Seleção de um Fundo Local dedicado a Autores do Porto e estabelecimento de uma listagem de “50 Autores Fundamentais do Porto”, cujos respetivos acervos não serão condicionados;
15. Reorganização de equipas internas, tendo em vista uma melhor operacionalidade (através da redefinição das competências da Divisão Municipal de Bibliotecas e do Gabinete de Apoio às Bibliotecas e à Leitura, com reafectação de elementos para funções de atendimento e serviço educativo). Eventual contratação externa de equipas de operações logísticas de empacotamento.